segunda-feira, 26 de maio de 2008

A Indústria da Gravidez

Quando eu me casei, fiquei impressionada com as altas cifras que giram em torno da indústria do matrimônio. Como era possível se gastar tanto dinheiro para realizar um sonho de um dia só? Agora na gravidez a história se repete, o que me levou a concluir casar não é caro, ter filhos não é caro, viver é que é caro!

É caro ser solteiro e bancar as saídas noturnas, as roupas bonitas, os drinks na balada. É caro namorar e dar presentes, ser romântico e surpreender o parceiro. É caro casar e montar um novo lar, dar uma pequena ou uma grande festa, viajar em lua-de-mel. É caro engravidar e pagar o plano de saúde e as coisas que ele não cobre, se entupir de vitaminas, comprar roupas que te sirvam e que você só vai usar durante um mês. É caro ter filhos e montar enxoval, comprar berço e todas as quinquilharias que se tornaram indispensáveis de uns anos pra cá.

Você PRECISA ter! Você precisa ter uma cadeirinha para carro segura, um bebê conforto, carrinho, babá eletrônica, aquecedor e esterilizador de mamadeira, 594 tipos diferentes de chupeta, kit de higiene, garrafa térmica, termômetro para banho, aspirador nasal, bolsa de água quente, pinça plástica para manusear os itens esterilizados, poltrona para amamentação, almofada para amamentação, umidificador, trocador, protetor de cabeça para bebê conforto (?), protetor de carrinho, kit berço, travesseiros anti-sufocantes, colchão anti-refluxo, mamadeira para suco, mamadeira para chá, mamadeira para água, mamadeira para leite, mamadeira mix-on-the-go, sling, móbile musical, cadeira para alimentação, sem contar os babadores, cueiros, vira manta, fraldas de boca, fraldas de ombro, fraldas de bunda e sei lá mais o que.

Eu me pego pensando em como as nossas tataravós conseguiam se livrar do catarro dos bebês sem o bendito aspirador nasal. Será que os bebês morriam asfixiados com os narizes entupidos ou os bebês de antigamente simplesmente não tinham catarro? Outro mistério são as normas que estabelecem a distância ideal entre as grades do berço para evitar que os bebês prendam as cabeças entre elas. Não seria esse um processo de seleção natural? As mães conseguem distinguir os bebês tontos dos espertos observando que os tontos enfiam as cabeças entre as grades enquanto os espertos não caem nessa cilada. Na dúvida, comprei um berço sem grade e com tela, simplesmente para não correr o risco de descobrir que meu bebê é tonto. E os bebês das cavernas? Sem a invenção da tesoura, suas mãe roíam suas unhas para não se arranharem? E como aqueciam a água do banho: na fogueira ou usavam os gêiseres?

Comprei o tal do travesseiro anti-sufocante e me senti vítima de uma fraude: não teria o mesmo efeito dobrar uma toalha ou usar uma almofadinha, considerando que o kit berço vem com tantas? Outra exploração comercial é o kit cama de babá. Eu que nem babá vou ter já comprei o meu! Dava pra ter comprado um belíssimo jogo de lençol de algodão egípcio para a minha cama, mas preferi adornar a cama da minha babá imaginária com uma colcha que combine com o lençol do bebê.

Estou no último mês de gestação e envergonhadíssima por sequer ter organizado um chá-de-bebê, muito menos ter decidido o enfeite de porta de maternidade ou as lembrancinhas. Ainda estamos comemorando a conclusão da mala do bebê para a maternidade, que já deveria estar pronta desde o sétimo mês, mas eu perdi 1 mês tentando descobrir qual era o sabão certo para lavar as roupas do rebento. Se eu não me engano, minha avó materna usava cinzas pra fazer sabão, ou banha de alguma coisa, não me lembro direito. Se ela estivesse viva, ia enlouquecer se fosse ao supermercado comigo escolher o tal sabão. Vocês sabiam que o fato de ter um bebê na embalagem não é garantia de que o sabão é indicado para lavar roupa de bebê? Quando descobri isso me senti totalmente enganada pelos mecanismos maquiavélicos do marketing, que me fizeram pegar direto a embalagem mais óbvia: aquela com o bebê sorridente com apenas dois dentes na frente.

Eu me lembro da minha primeira visita à Cobasi, assim que ganhei meu cachorro. Comprei cama com teto, cama sem teto, cama com zíper, tapete de pele de ovelha, edredom, mil roupinhas, sapatinho para passeio... pergunta onde o infeliz do cachorro fica o dia todo? Ou na MINHA cama ou no sofá, já que as 4 camas e diversos tapetes dele só servem pra o safado fazer xixi!

Afinal, viver é caro mesmo ou é a gente que torna a vida assim: um mar de inutilidades indispensáveis para suprir algo que nem nós sabemos o que é? O menino nem nasceu e já está cheio de coisas que eu não faço idéia para que servem. Só me resta imaginar como será o futuro, considerando que já na barriga ele é atacado pelo consumo de coisas de utilidade questionável por todos os lados. Vou ver se acho uma opinião formada sobre isso para comprar no Submarino...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

É normal querer ser normal?

Sou contra a banalização da cesárea.

Isso resume bem minha opinião a respeito do assunto. Obviamente não sou uma hippie louca que acha que todo mundo tem que parir em casa ou que quem faz cesárea é menos mãe por causa disso. Apenas acredito que a cesárea deve ser tratada pelo que é, uma intervenção cirúrgica, e que deve ser usada com critério.

Provavelmente vai aparecer um monte de gente aqui comentando que fez cesárea, justificando e defendendo sua escolha. De certa maneira, fica parecendo que a pessoa sabe que essa não é a opção natural e se sente um pouco culpada por ter feito uma, senão não sentiria necessidade de justificar. Digo isso porque esse assunto surgiu em uma lista de discussão de esposas da qual participo e ao defender o parto normal recebi uma enxurrada de e-mails ofendidíssimos de mães contando suas histórias cheias de sofrimento que as levaram a optar por um parto cesárea, o quanto ficaram satisfeitas com o resultado, que seus bebês corriam riscos, que elas não eram piores por causa disso, etc, etc, etc. O engraçado é que não eram casos onde a mãe marcou a data porque queria que o neném nascesse com tal signo ou no dia do santo não sei das quantas, ou no final de semana, eram casos legítimos, onde a cesárea se fez necessária mesmo, mesmo quando era uma cesárea eletiva (com data e hora marcada).

Eu adoro a Medicina por possibilitar a reprodução assistida, o aumento no índice de prematuros que sobrevivem, o diagnóstico precoce de má formações e também a cesárea. Graças a ela, mães portadoras do vírus HIV são capazes de ter filhos sem o vírus, mulheres com placenta prévia correm menos riscos, gestações múltiplas podem ter partos em datas diferentes e por aí vai. Mesmo o parto normal evoluiu com suas anestesias e a episiotomia como forma de evitar os temidos problemas no períneo que eram ocasionados pelo parto normal.

Eu mesma talvez precise de uma cesárea, mas sei que se precisar não será por conveniência do médico nem pela minha conveniência. Depois de passar por muitos consultórios e ouvir muitos sermões sobre a maravilha que é a cesárea, finalmente encontrei um médico que, assim como eu, acha que a última preocupação da mãe no dia do parto deveria ser ir ao salão fazer as unhas. Conheço quem tenha feito isso e são pessoas ótimas, mas não é algo que eu entenda. Também não entendo quem tem uma gestação normal, com um bebê saudável e marca uma data para o coitadinho nascer. Sei que vou ser apedrejada por dizer uma coisa dessas e que sempre que disser isso alguém vai vir com uma história: no meu caso eu TIVE que fazer isso porque blábláblá... Tudo bem, cada caso é um caso, mas eu ainda não entendo. Se o bebê tá bem lá dentro, por que não esperar o tempo dele? Pode ser com 38, 40 ou até 42 semanas, por que não? Eu nasci com 41 semanas e, se soubesse que aqui fora era assim, tinha ficado mais!

Sei que gravidez é um tédio de vez em quando e que o último mês é pior ainda, parece que não acaba nunca! Sei que bate uma ansiedade pra ver a carinha do rebento ou até um saco cheio por conta das transformações do corpo, mas pense que você vai olhar aquela carinha o resto da vida e quando ele chegar em casa depois do primeiro porre, vai sentir saudades de quando ele estava quietinho lá na barriga...

Existem mil motivos para ter um parto normal e mais mil para optar por uma cesárea. Também existem mil motivos pra tomar Coca-Cola e mais mil pra não tomar. A questão é basear sua escolha primeiramente no bem estar do bebê, depois no da mãe e por último no dos outros (sogra, médico, etc.). Vivemos uma era de inversão de valores, onde é preciso criar atrativos para estimular a mulher a amamentar. Depois que disseram que amamentar emagrece, o aleitamento materno voltou à “moda”, mas passamos por uma geração que precisou de campanhas de incentivo à amamentação, simplesmente porque as mães não queriam peitos caídos! O mesmo acontece com o parto normal, é preciso “vender” os benefícios dele, propagandear que a recuperação é mais rápida e menos dolorosa, sendo que o parto normal deveria ser a primeira opção de toda mãe simplesmente porque, a priori, é a melhor opção para o bebê!

Que fique o exemplo da lindíssima Fernanda Lima: mulher, primeira gravidez depois dos 30, GÊMEOS, parto normal. Amiga, se ela pode, todas nós podemos!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Campanha Incentivo ao Parto Normal

Vou colocar aqui um texto do Ministério da Saúde para reflexão de todas. O tema não deveria ser, mas acaba sendo polêmico. Leiam, pensem a respeito e depois dou minha opinião.

Campanha Incentivo ao Parto Normal


O Ministério da Saúde lançou a Campanha Incentivo ao Parto Normal. A cesariana já representa 43% dos partos realizados no Brasil no setor público e no privado. Nos planos de saúde, esse percentual é ainda maior, chegando a 80%. Já no Sistema Único de Saúde, as cesáreas somam 26% do total de partos. O parto normal é o mais seguro tanto para a mãe quanto para o bebê. De acordo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde, as cirurgias deveriam corresponder a, no máximo, 15% dos partos.

Por ser uma cirurgia, a cesariana somente é indicada para os casos que tragam risco para a mãe ou o seu bebê. Quando realizada sem que exista uma indicação médica precisa, aumentam os riscos de complicações e de morte para a mulher e para o recém-nascido.

Não é raro que as cesarianas sejam agendadas antes de a mulher entrar em trabalho de parto. Estudos demonstram que fetos nascidos entre 36 e 38 semanas, antes do período normal de gestação (40 semanas), têm 120 vezes mais chances de desenvolver problemas respiratórios agudos e, em conseqüência, acabam precisando de internação em unidades de cuidados intermediários ou mesmo UTI Neonatal. Além disso, no parto cirúrgico há uma separação abrupta e precoce entre mãe e filho, num momento primordial para o estabelecimento de vínculo.

Finalmente, as chances de a mulher sofrer uma hemorragia ou infecção no pós-parto também são maiores em caso de cesárea, existindo ainda um risco aumentado de ocorrer problemas em futuras gestações, como a ruptura do útero e o mau posicionamento da placenta.


Fonte: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=28513

 

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