quinta-feira, 21 de maio de 2009

Um outro relato de parto

Inspirada no relato da Nanda e no fato de agora ter uma babá que tome conta do meu pimpolho enquanto eu escrevo, hoje sai o relato do meu parto!

Minha grande preocupação era não saber que eu estava em trabalho de parto, a bolsa estourar no meio do supermercado e eu dar a luz dentro de um táxi. Felizmente meu obstetra me deu uma apostila que descrevia todas as fases pelas quais eu passaria, o que eu sentiria, tempo e intervalos entre contrações, essas coisas.

Começou na sexta-feira. As primeiras contrações regulares, fraquinhas, porém regulares. Eu sabia que meu filho nasceria nos próximos 3 dias e isso me deu um certo conforto, afinal, eu já tinha passado das 40 semanas há tempos e estava quase batendo nas 42. Pra quem nunca teve filho, deve achar que 2 semanas não é nada, mas para uma grávida a gestação dura 8 meses e 1 ano, porque o último mês é uma eternidade. Pior ainda pra quem chega no 10° mês, como no meu caso.

No sábado eu comecei a perder o tampão. Ta aí outra coisa que eu nem sabia que existia, o tal do tampão. Como as contrações ainda estavam tranqüilas, eu nem me desesperei, pelo contrário, fui ao shopping com o meu marido e ligamos para um casal de amigos para almoçarmos todos juntos. Aquele seria nosso último almoço entre adultos, o que foi um ótimo argumento para convencê-los a se despencarem até nós.

Depois das 40 semanas, a monitoragem fetal se torna mais freqüente. A essa altura eu já via meu obstetra um dia sim e o outro não e fui ao hospital fazer a monitoragem no domingo de manhã. A obstetriz viu que as contrações estavam regulares, mas o Henrique ainda demoraria para nascer. Além disso, ele nem estava encaixado, a barriga não “desceu”, então ele não viria no domingo.

Meia-noite. Chega a segunda-feira. À meia-noite de domingo para segunda elas chegam, as temidas contrações mais fortes. Ainda não eram as piores, mas a gente não entende como pode ficar pior que aquilo na hora. O mundo parece que vai acabar durante 20 segundos, depois tudo volta ao normal. Eu não quis incomodar o obstetra àquela hora, seria muito clichê ele ser acordado com o telefone no meio da madrugada, então segui firme em casa mesmo, pois a santa apostila dizia que eu ainda teria um longo caminho pela frente. Chegou uma hora que não deu mais e essa hora pode ter sido 15 minutos depois de eu ter decidido não incomodar o obstetra, porque a noção de tempo muda muito quando o mundo parece que vai acabar, não é? Liguei pra obstetriz, que mandou eu ficar embaixo do chuveiro, com água morna caindo nas minhas costas, na barriga e isso realmente ajudou muito. Fiquei o máximo que pude, sempre ligando e passando informações sobre meu estado, freqüência e intensidade das contrações, até que às 3h da manhã ela mandou eu ir pro hospital.

Como o balanço do carro se torna insuportável pra uma mulher em trabalho de parto! Agora eu entendo porque nos filmes tantos bebês nascem dentro do carro, a impressão que dá é essa mesmo. Chegando ao hospital, fiz meu “check-in” e foram me examinar. Já estava com 3 cm de dilatação. Enquanto o anestesista não chegava, eu fui pro chuveiro, mas eu já estava de saco cheio de ficar no chuveiro, estava com fome, sede, sono, mas não podia comer, beber e não conseguia dormir. Até que ele chegou... O anestesista... Gente, ver o anestesista quando você está com contrações é melhor que encontrar o Brad Pitt nu na sua cama. Ele fez a sua mágica e meu mundo ficou cor de rosa!

Depois de tanto ficar no chuveiro, eu já estava bem limpa, né! Fique na monitoragem com a minha santa anestesia que fazia eu ver as contrações, mas não sentir nenhuma dorzinha. Meu obstetra acha importante a mulher não sentir dor durante muito tempo, senão ela fica muito cansada e acaba não conseguindo fazer força na hora do parto. Eu ainda não podia comer nem beber nada, mas consegui dormir, o que fez toda a diferença porque o rapazinho ainda não estava encaixado e ia demorar pra chegar.

Às 8h da manhã a dilatação estava completa e o Henrique ainda estava boiando na minha barriga. O obstetra estourou minha bolsa e começou a tentar fazê-lo encaixar. Aí vocês me perguntam: mas como? E eu explico: na mão mesmo. Quando a contração vinha eu fazia força e ele montava em cima da minha cabeça e empurrava a bunda do menino com os dois polegares pressionando a minha barriga. Mas não era uma pressãozinha, era o peso de um homem inteiro em cima de dois polegares, o que me fazia gritar de dor feito uma louca descompensada no hospital, parecia que eu já estava parindo. Aliás, não era só o obstetra, todo mundo montou na minha cabeça: o anestesista, a obstetriz e o outro obstetra que também me acompanhava.

Meio dia e nada do menino encaixar. O obstetra disse que já estavam tentando há muito tempo e que ele não tinha descido nem um pouquinho, então que talvez eu devesse considerar fazer uma cesárea. Eu queria muito um parto normal, mas se só encaixar o menino já doía tanto, imagina na hora de nascer! Amarelei e disse que eu sabia que ele não me empurraria uma cesárea à toa e que se ele achava que eu precisava de uma, que deveríamos fazer na mesma hora.

Ele foi trocar de roupa e eu fui pra sala de cirurgia. Só que entrando na sala, eu entrei em pânico: “Meu Deus, vão cortar meu útero!” Comecei a falar um monte de asneiras do tipo: “Enfermeira, pelo amor de Deus não esqueçam nada dentro de mim!” Eu fui preparada para um parto normal e vendo o meu nervosismo a obstetriz decidiu tentar mais uma vez encaixar o bebê, chamou o outro obstetra, o anestesista e montaram de novo na minha cabeça, mas dessa vez...

Dessa vez nada, o menino não encaixou, mas pelo menos deu uma descidinha. Avisaram o obstetra, que quando viu que ele havia descido um pouquinho, retomou a maratona do encaixe manual. Após 20 minutos de tentativas, ele encaixou! Nesse momento eu pensei: “Se demorou e doeu tanto pra fazer o bebê encaixar, imagina pra fazer nascer. Só vou sair daqui à noite!”

Já que estava na chuva, era pra me molhar, então quando veio a contração eu fiz aquela força caprichada e o obstetra me diz: “Não faça tanta força, faça meia-força.” Mas que diabos é meia-força? Acho que minha força foi tão forte, que na primeira já senti a cabeça do bebê saindo. Na segunda contração eu fiz uma força menos forte, mas senti que saiu mais um pouquinho, aí caprichei e o menino... Escorregou!

Mulherada do meu Brasil baronil, o menino saiu tão rápido e numa facilidade que eu tive que olhar pra baixo pra acreditar que tinha saído inteiro mesmo. Foram só 2 forcinhas e já tinha acabado! Minhas primeiras palavras foram: “É só isso?” Acho que fiquei tão chocada e decepcionada com a falta de complexidade do processo que nem consegui lembrar de me emocionar.

Meu marido e meu pai acompanharam o parto, meu marido ficou com os olhos mareados e meu pai estava que nem pinto no lixo. Era foto pra todo lado, enquanto do lado de fora minha sogra e minhas cunhadas acompanhavam a pesagem, banho, etc. através de um vidro. Foi engraçado ouvir minha cunhada descrevendo a minha cara depois que o bebê nasceu, porque a primeira coisa que eu fiz foi levantar o lençol pra olhar minha barriga e eu fiz uma cara de espanto porque ela tinha sumido instantaneamente.

Quando eu me situei e comecei a fazer o que já devia estar fazendo desde o início, que era babar em cima do meu filho, senti um movimento estranho e vi o obstetra fuçando lá embaixo. Perguntei imediatamente o que ele estava fazendo e ele respondeu que estava tirando a placenta. Ta aí outra coisa que ninguém fala nem descreve, a retirada da placenta, acho que é porque todo mundo faz cesárea e nem sente quando isso acontece. A sensação é que estão puxando uma corda dentro de você e no final dela tem um balão amarrado. Pronto, agora vocês sabem como é parir uma placenta.

Assim que o Henrique nasceu, depois de ser pesado, medido e de terem sido feitos os primeiros testes, o novo papai deu o primeiro banho, dentro da sala de cirurgia mesmo, com a platéia acompanhando pela janela. Acabado o banho, que nem é pra limpar, é só pra relaxar mesmo, ele foi direto pro peito e mamou feito um louco, devia estar com a mesma fome da mãe.

Eu saí da maca sozinha, o bebê nasceu às 12h29 e às 16h eu já estava tomando banho sozinha. Saí da maternidade querendo mais 2!

Tá aí o resultado da minha aventura:




PS: É impossível fazer um relato de parto curto. Afinal, como resumir 36 horas com tantos detalhes emocionantes em poucos parágrafos?

7 comentários:

Unknown disse...

Carol!!
Que alegria saber notícias suas e ver a carinha linda do seu Henrique!!! parabéns, querida!! Ele é uma fofura!!
Puxa, eu que tinha minhas dúvidas, hoje defendo a "normalidade" do parto normal. As pessoas banalizam a cesárea e não fazem idéia de que é uma cirurgia extensa e muito invasiva.
Agora posso dizer que quero mesmo ter um parto notmal Se Deus quiser, vou conseguir no próximo!!!! :o))
Parabéns pelo relato, amiga!! Tomara que incentive outras barrigudas a brigar pelo parto normal!!

Beijo grande procê e pro Henrique!!

Nanda + Tiago

Cegonha Arte e Fantasia disse...

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Ps: Lindo relato e muito fofo seu filhote.

Andréia disse...

Ooooooo Nanda!!! porque sumiu assim menina!!! muitas saudades dos seus textos e fotos!!!!
Volta logo viu?!!!!!!!!!!!!
E o Tiaguinho? deve estar um boneco!!!!

Beijão e saudades!!!!!!!!!!!! :)

Andréia disse...

olha que m#rd@!!!!! fui moderar seu comentário e ele simplesmente SUMIU!!!!!!!!!! que ódio!!!!!!!!!!!!!!!

Paula Carolina disse...

parabens pela forca, coragem e perseverança!

guarda-roupa de mulher disse...

olá, se tiver um tempinho passa lá no meu blog!

Gabi S. disse...

Que história legal de parto!
Adoro ler histórias de parto.
E adorei este blog, vou virar leitora assídua! =)
Eu que queria tanto um pn acabei tendo que fazer uma cesárea, assim, de última hora. Exatamente porque minha filha não descia.... Mas não puderam tentar encaixe manula no meu caso... Quando a médica rompeu a minha bolsa [eu já tinha 6 cm de dilatação], tava tudo cheio de mecônio [indício de sofrimento fetal] e tiveram que "cortar meu útero"! rs Eu tenho verdadeiro pavor só de pensar nisso!
Ela tinha 5 circulares de cordão, ou seja, não ia descer nunca na gala! hahaha
Ainda bem que existe a cesárea... Apesar de ser horrível! =D

 

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