quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Filosofias de barriga - Parte 2

Tenho pensado muito em felicidade, desde que mandei pros amigos uma mensagem avisando do vídeo com o ultrassom do feijãozinho. A primeira resposta que recebi foi da minha amiga querida e cantora Vivian Benford – olha o jabá hahahahaha!!! – que escreveu assim:

“Vc deve estar doida de felicidade! :)”

Nessa hora eu parei pra pensar. Será que estou mesmo doida de felicidade? Ou melhor: será que o meu conceito de felicidade se encaixa neste embrulho de sensações que é ter uma pessoa dentro de mim?

Talvez seja isso. Nosso conceito de felicidade se resume a uma sensação mágica, uma alegria vibrante, que nos faz querer voar com o vento batendo no rosto. Na verdade, sempre me achei uma pessoa feliz, independente destes momentos mágicos. Sou feliz porque tenho saúde, família, trabalho, música, amor, amigos - em suma, gosto de ser eu e de estar onde estou, portanto, sou feliz. Muito lógico isso, não? Hahahahahaha!

Mas estar grávida não é como o dia do casamento, em que a gente tem certeza do que está fazendo e o caminho parece levar apenas a coisas boas. Todo mundo sabe que casamento pode dar errado, mas naquele dia temos certeza de que seremos felizes no que estamos fazendo, ainda que não seja pra vida toda. É uma passagem com destino fixo. Você sabe pra onde está indo. Pode ser que chegue lá e não goste muito do que vai encontrar. Mas o fato é que você sabe para onde está apontando seu nariz. E isto nos faz felizes – a sensação de que somos donos do próprio destino, mesmo que seja por tempo indeterminado.

Gravidez é justamente o contrário. Você não sabe pra onde está indo. Tem um ser crescendo dentro da sua barriga e você não faz a MENOR IDÈIA do que virá a seguir. Nem paro pra me questionar muito sobre isto, na verdade. Mas o fato é que não há maneira alguma de prever os próximos capítulos. É como fechar os olhos e pular do precipício.

Existe alegria nisso? Claro que sim!!! Mas é aquela alegria de estar no carrinho da montanha-russa subindo a rampa devagarinho. Você está se divertindo, curtindo o momento, mas rola sempre aquela adrenalina pelo que virá a seguir. E se você pensar nisso antes de entrar, você simplesmente sai da fila!!! Hahahahahahaha!!!

Hoje eu vejo a gravidez muito mais como uma fase de auto-conhecimento do que como uma fase propriamente feliz. Como eu falei, existem as alegrias – ver o corpo mudar, sentir a presença do filho, arrumar as coisinhas, curtir a mudança que acontece na própria relação com o marido... Tudo isso traz momentos muito, mas muito mágicos, mesmo pra quem ainda está no comecinho.

Nos outros 90% do tempo, vem a parte do auto-conhecimento. Em cada atitude minha existe uma tentativa de me definir, me compreender de uma vez por todas, resolver pra mim mesma quem eu sou nesse mundo de meu Deus. Afinal, mãe que se preze precisa ser aquela criatura convicta, segura em seus atos e posicionamentos, coerente com sua personalidade e seus princípios. Se eu não sei ainda essas coisas sobre mim, o que serei para o meu filho? O que ele vai pensar de mim? Como posso conhecê-lo se ainda não me conheço?

De uma hora pra outra, todas as minhas questões existenciais têm prazo de validade. Até abril eu tenho pela frente a difícil missão de decifrar meus próprios enigmas, para então zerar o cronômetro e ajudar alguém que está começando do zerinho, como eu comecei um dia.

Será que isso é possível? Será que dá pra ser feliz em meio a este monte de perguntas e vontades? No fundo, acho que continuo sendo uma pessoa feliz. Só que no momento, minha felicidade está passando por reformas estruturais, fechada pra balanço.

Há muita realidade no fato de estar grávida – e isto não combina com a tal sensação de alegria vibrante, vontade de voar, etc, etc... Talvez este seja mesmo o jeito mais poderoso de amadurecer nossos conceitos. Quando estamos esperando uma vida que se forma, aprendemos a colocar um bocado de realidade nos nossos sonhos mirabolantes de meninas. E de repente, é isso que nos faz virar adultas – de uma vez por todas.

Então, respondendo à Vivian, não estou me sentindo doida de felicidade.

Estou mesmo é lúcida demais – e neste momento isto parece mais intenso e fundamental do que simplesmente ser feliz...

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PS: Acabei de saber que minha amiga-irmã-gêmea Lu vai ter um meninão!! Eu e Lu nascemos com um mês e um dia de diferença, com o mesmo problema de vista e mais um monte de coisas parecidas. Somos amigas desde os cinco anos e agora estamos vivendo juntas nosso momento barrigudas!! Aliás, nossos fiótes podem nascer com a mesma diferença de idade que nós, pois a Lu está 5 semanas na minha frente! Não é demais?!!

Só me resta desejar que nossos filhos sejam muito especiais um para o outro - e conheçam a alegria de uma amizade pra valer, como nós conhecemos!!!

BEIJOS e SAÚDE SEEEEMPRE!!!

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